Ueshiba, então, voltou-se para o estudo religioso, na esperança de encontrar um significado mais profundo para a vida. Esse aspecto religioso, combinado com treino e com algumas correntes ideológicas e políticas, criou a base dessa nova arte marcial. O bem da verdade, o aiquidô surgiu de um processo de evolução pessoal e que ficou marcado como paradigma a ser seguidos pelos aiquidocas. Por exemplo, o nome da arte somente foi cunhado em meados de 1942, sendo antes referida como aikibudo e aikinomichi.
De qualquer forma, essa arte marcial não surgiu senão na metade inicial do século XX. Antes, era basicamente uma ideia na mente de seu fundador, que permanecia a treinar as diversas disciplinas aprendidas durante sua vida. O aiquidô é indubitavelmente uma escola de jiu-jitsu, pelo que suas raízes do aiquidô podem ser traçadas muito dentro da história do Japão e mais além, como o próprio nome faz sugerir, pois o conceito do ki (uma espécie de energia que flui através do corpo de uma pessoa e pode ser achada em tudo), e do aiki, não é exclusivo da região. Esses conceitos podem ser rastreados por todo o Oriente (Índia e China, principalmente).
Na juventude, em 1898, Ueshiba mudou-se de Osaca para Tóquio, onde teve contacto mais profundo com diversas artes marciais, escolhendo dedicar-se a três estilos distintos: Tenjin Shinyo-ryu, de jujutsu; Hozoin-ryu, de sojutsu; e Yogyu Shinkage-ryu, de kenjutsu.[8]
Mestre Sokaku Takeda |
Depois, Ueshiba mudou-se para Hocaido, uma ilha setentrional e bastante inóspita do arquipélago nipônico, como cabeça de um grupo colonizador e aventureiro. Naquele momento, por volta de 1905, encontrou-se na ilha com o mestre guerreiro do clã homônimo, Sokaku Takeda. Takeda era praticamente o último representante da arte marcial samurai, à época conhecida como daito-ryu jujutsu e um tanto obscura, pois era praticada somente de forma hereditária. Desde o encontro, Ueshiba passou a treinar com Takeda.
Na segunda metade da década de 1920, retornando à terra natal, Ueshiba aproximou-se de Onisaburo Deguchi, líder religioso, ficou bastante impressionado. Contacto esse que foi a última influência no desenvolvimento da nova arte, emprestando o marcante aspecto filosófico e pacifista.
Monge Onisaburo Deguchi
Monge Onisaburo Deguchi |
Chegando em casa, Ueshiba somente encontrou a notícia de seu pai já tinha ido a óbito. Entretanto, o ancião havia lhe deixado um último conselho: «viva livremente e realize tudo o que se dispuser a fazer». Depois do choque e de uma reclusão, Ueshiba retornou até Ayabe para encontrar Deguchi, que lhe teria dito que sua verdadeira missão era criar uma arte que ajudaria a humanidade.
Mestre Ueshiba seguia, dentre outras coisas, ensinando a arte de Takeda Sensei. O aiquidô surgiu nesse contexto não como uma criação consciente, mas no decorrer de um processo de evolução pessoal de Ueshiba. Ele aponta como um dos momentos de epifania quando um oficial da marinha japonesa, expert no emprego da espada, o desafiou para um embate. Da luta o resultado foi a vitória de Ueshiba sobre o oficial, que ficou cansado, pois não conseguir acertar um golpe com o boken, que eram todos desviados. Ueshiba percebeu que poderia subjugar um oponente sem que fosse preciso resisti-lo.
Durante o estabelecimento de sua escola, mestre Ueshiba manteve contacto com diversos mestres, das mais variadas escolas e estilos de artes marciais.
Os ensinamentos do fundador foram num primeiro momento, entre 1920 e 1930, chamados de aikibudo. Todavia, já por volta de 1940 a escolha era chamada aikido, mas ainda era praticado apenas por poucos e exclusivamente no Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o aiquidô foi introduzido em outros países. O fundador teve passamento em 1969, e seu filho, Kissomaru Ueshiba, assumiu a tarefa de difundir a arte.